Morto-Vivo

A boca que um dia te beijou

Hoje baila, reconditamente,

A dança que a morte decretou

Ao pávido seio dormente!

O corpo, um dia meu,

Que alojou minh'alma,

Chora ao silêncio teu

Que diz que não me ama!

A lira do meu cantar

Soa como minh'alma partindo.

Foi por dizer te amar

Que um dia estive sorrindo...

Ah! Por que me deste um fim desses?

As larvas que comem os lábios meus

Têm beijos doces...

Tão doces quanto os teus!

Raul Brasil
Enviado por Raul Brasil em 09/12/2019
Código do texto: T6815178
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