Benção mortal
Tentando sempre externar
Toda a alegria sombria que
Vem de meu coração seco,
Morto e deturpado, retribuo
Com um doce prazer sádico
Essa benção mortal que me
Cobre a cabeça como a manta
Que me cobre a cabeça nessas
Angustiantes noites chuvosas.
Assombrando sempre meu sono,
Recebo n'alma toda a candura
Dessa cálida benção mortal que
Me aquece friamente o corpo
Como as gotas de chuva que me
Lavam de toda inocência, me
Banhando de luxúria a cada
Rubra gota de pecado, me abençoando
Com o angélico batismo de sombras
Que me joga no desejo bruto
De viver loucamente no meio dessa
Excruciante devastação.