EVOLAÇÃO DAS CRIPTAS

Noite escura. Ventos fortes.

Mortalhas cruzam os céus

E, do alto da árvore, sinistro...

Os corvos piam famintos!

Momento arrepiante se faz

E o medo se instala sem dó...

Vultos alucinógenos correm

Sobre os cadáveres sem leito.

Tremendo, a Lua se esconde

Dentre as insensatas nuvens

Que espalham pânico e dor

Em sua negritude metafísica.

Sombras dos umbrais cantam

O verdor luxuriante do pavor

E convidam os mortos-vivos

A saborearem o sangue fresco

Das carnificinas já apodrecidas

Dentre os inorgânicos fósseis

Que dormem à luz das covas

Abertas à visitação dos abutres.

Um orvalho negro que escorre

Diante dum manjar gangrenado,

É néctar da ignomínia que exala

Da morte tétrica e pustulenta.

Bacanais dos olfatos hediondos

Que rondam da Terra macabra

As fúnebres emanações do palor

Que atraem alicerces de loucura!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 22/11/2019
Código do texto: T6801534
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