HEMORRAGIA NA ALMA

Seu sangue escorre da sua alma aberta

Sua alma recém costurada simplesmente arrebentou

Traçando pelo chão a cor escarlate redescoberta

Só lamentos, pois nada nesse mundo lhe acalentou

E sua alma não pode ser liberta

Sempre fadada à vil melancolia

Presa por séculos num local inerte

Ruindo até os ossos e, quem diria

Que um dia teria empatia. Ao ver-te,

Admirei sua alma, que se derrete em prosa e poesia

O cheiro do seu sangue desola o coração mais frio

Apesar de transparecer eterno

Certeza que há saída desse mundo vazio

Aqui não deve ser o inferno

À não ser que lá haja lágrimas na quantidade de um rio

Observo no silêncio da minha vida

Seu sangue formando pequenos rios, pequenas flores

Pequenos caminhos, fluindo de muitas e muitas feridas

E quem diria que junto à tantas dores e desamores

A vida nos daria tanta vontade de ser vivida

Pela esperança de que há algo além

Que o viver não é ansiedade nem ser dependente

Que alguém se importa. Pelo menos alguém

E sabe? Seu rasgo esbanja sangue quente

Enchendo os sulcos da minha alma, que sangram também.

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 20/09/2019
Reeditado em 20/09/2019
Código do texto: T6749593
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