HEMORRAGIA NA ALMA
Seu sangue escorre da sua alma aberta
Sua alma recém costurada simplesmente arrebentou
Traçando pelo chão a cor escarlate redescoberta
Só lamentos, pois nada nesse mundo lhe acalentou
E sua alma não pode ser liberta
Sempre fadada à vil melancolia
Presa por séculos num local inerte
Ruindo até os ossos e, quem diria
Que um dia teria empatia. Ao ver-te,
Admirei sua alma, que se derrete em prosa e poesia
O cheiro do seu sangue desola o coração mais frio
Apesar de transparecer eterno
Certeza que há saída desse mundo vazio
Aqui não deve ser o inferno
À não ser que lá haja lágrimas na quantidade de um rio
Observo no silêncio da minha vida
Seu sangue formando pequenos rios, pequenas flores
Pequenos caminhos, fluindo de muitas e muitas feridas
E quem diria que junto à tantas dores e desamores
A vida nos daria tanta vontade de ser vivida
Pela esperança de que há algo além
Que o viver não é ansiedade nem ser dependente
Que alguém se importa. Pelo menos alguém
E sabe? Seu rasgo esbanja sangue quente
Enchendo os sulcos da minha alma, que sangram também.