E quando a chuva passa
E quando a chuva passa
Eu abro minhas asas
E plano sobre a multidão
De crentes que pedem
Inutilmente um pouco de atenção
De Deus ou de qualquer ser superior,
Em vão.
E na sua existência
Do ofício do cosmos
Rege tempo e espaço
Sem se deter ao ócio
Assim como as formigas
Que assim para ele são
Muito mais do que elas para nós
Importante contribuição
Bato minhas asas
Busco a estratosfera
Mas peso em carne de fera
Besta apocalíptica, traça
Que come o mundo
E vomita resto imundo
Que suja e desgraça tudo
Esses mesmos que lavam
De podridão a face e o espírito
Da sua mãe terra
Esses mesmos patifes
Com ar de coitados pedintes
Pedem até a imortalidade
Quando em troca dão a morte
Tarda o dia da clara evidência
Da morte da ardilosa mentira,
Da esquizofrênica inocência
Que o universo talvez sorria