VAGANDO

Saí discretamente do meu corpo

A vagar pelas covas da necrópole

Cidade morta e às escuras

Verdadeira metrópole

De múmias frias e duras.

Pensei: quantas lindas criaturas!

Inertes, sem vida, sem cura.

Tantos amores devolvidos ao pó

E na escuridão guardados, só.

Então, voltei à carne,

E antes que ao breu me escarne

O farei brilhar

Até o dia que essa luz se apagar.

Lembro-me do silêncio profundo

Desse triste mundo

Dos corpos um dia vivos,

Mas que ali passivos

Emudecidos

E embrulhados na escuridão.

Visão assustadora,

Mas enriquecedora,

Pois retornei apressado

Analisando o passado

E determinado

A melhorar o presente.

Ênio Azevedo

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 02/07/2019
Código do texto: T6686928
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