Livro das sombras
Marcada como um anjo negro,
Trago dentro de mim a funérea
Luta contra minha própria discórdia,
Planando, etérea, diante de minhas
Lágrimas secas a escrever essa
Morta batalha nas estéreis
Páginas negras do livro das sombras
Que contam a história do nunca mais.
Dormitando em um leito negro,
Abismo sem fim, me abraçando,
Me acolho a esquentar nesse doce
Gélido hálito que acaricia minha
Pálida pele a estampar todo
O conteúdo desse livro das sombras
Que me acompanha suavemente
Como o feto natimorto a gestar-se
Em meu infértil ventre marcado.