Alma de giz
Desenhada em mim mesma,
Trago em minha alma de giz
As sombrias cores vivas
De um apagado quadro negro
A iluminar meu semblante
A sorrir sempre o medo
A espreita no olhar cansado.
Terminada em meus traços
Como uma silhueta de minha
Alma de giz embotada como
Névoa numa lagoa, acolho
Toda a cálida melancolia
De estampar no rosto de
Inascida alquimista a candura
De frígida beleza atemporal.
Nas batidas surdas do giz
De minha destilada alma
Retomo o ardor com que
Recolho as cicatrizes de cada
Sorriso que insisto em
Pintar de novo nos lábios
Ao recostar os cansados ombros
No meu eterno leito de sombras
A cada noite de estrelas mortas
A ninar sempre meu (des)velado
E imorredouro sono.