Sombra Interior
Caminhando segura, passo a passo,
Levo no peito minha sombra interior
Que, como uma criança no ventre,
Sussurra em minha mente todo o
Frio calor do amor que somente a
Eternidade pode permitir andar comigo,
A me abraçar como uma imagem
Congelada nas horas cálidas em que respiro.
Suspirando sombriamente, ajeito
Minha rubra cabeleira no colo
De minha sombra interior, derramando
Selvagemente as lágrimas de alegria
Que, indóceis, rolam a lavar
De minha alquebrada alma toda
E cada impureza que me ronda
Desde meu desolado futuro.
Abraçada fielmente à minha doce
Sombra interior, relego aos mais
Recônditos pecados divinos
A tarefa do esquecimento de um
Passado, macabro sonho, que
Tanto insiste em me abençoar
Com os secos dedos imemoriais
De um lembrete ao que será
Ternamente marcado nos mais
Sedentos recantos de minha pele.