Entre sombras
Durante horas e dias sonolenta,
Caminhando, dormente, entre sombras,
Sinto, na inexistente brisa, a doce
Carícia da etérea mão da vida
Em meu rosto a me elevar na candura
De meu velado e corrompido sono.
Entre as sombras de meus amores,
Ouço de meu coração a doce
E sombria melodia a ecoar nos mais
Desertos e eternos recantos áridos
De uma alma abençoada pelo
Vazio do eternamente amar.
Levo no ventre, vítreo lar,
A infértil semente que, pouco a pouco,
Germina toda a cálida vida fria
Que se estende a cada veia seca
De meu outrora alquebrado corpo,
Que me ilumina entre cada sombra
Em que adormeço, meu leito a
Abraçar meus ossos e me guiando
Suave e amorosamente ao meu
Etéreo reino de angélicos pesadelos.