Doppelgänger

Uma noite, desperto, vi meu duplo,
Ele me inquiriu em repertório amplo,
De igual imagem, metamorfose exata,
Delírio onírico que da mente não desata.

A feição que se nega ao mundo,
Nos confronta em tom rotundo,
Esfera de espelhos que demonstra,
Do horror, recôndito, simples amostra.

Boca seca, se livra da mordaça,
Contradições em sentidos traça,
Eu matei o meu amor; adeus!
Desapego-me destes corações ateus

Há muito tempo abandonei a regra,
Flerte voluntário com a metade negra,
Sem luta, rejeição, sem juízo de valor,
Liberta-se a mente em bem-vindo torpor.

Minhas saudações à face oculta,
Não é de alegria vivaz que exulta,
Não é o brilho da conscientização,
Apenas um leve rubor de fascinação.


 
imagem-google

imagem-google

 
Marcus Hemerly
Enviado por Marcus Hemerly em 20/02/2019
Reeditado em 01/03/2019
Código do texto: T6580060
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.