Vírus
Nos invernos da vida caminho devagar,
Sentindo o doce sabor do frio que,
Como vírus a me destruir, me abraça,
Me acolhe e me sustenta a cada
Suspiro congelado que me arranja
Os deteriorados pulmões cálidos.
Em meu corpo, alquebrado pelo
Vírus de uma gélida paixão, trago
Toda a força de um macabro amor
Abençoado, destoando de toda
Essa escuridão que insiste em escorrer
Por entre os quebradiços fios de meus
Cabelos contaminados pelo calor
Da morte que, à espreita, me faz deitar
As rubras lágrimas dessa luz que
Me envolve nessa doce solidão.
Como num sacrifício inexistente
Abraço em minha células o vírus
Que cada vez mais, como um amor,
Me eleva ao sombrio pedestal,
Sempre a me fazer sentir esse
Divino delírio da paixão que sempre
Me faz sentir um doce anjo corrompido.