ESPECTRAIS

De que adianta chorar diante do sepulcro

Onde meu corpo dorme o derradeiro sono?

Aqui só há eu, os vermes é que são os donos

Da carnificina que alimenta tietes tão impuros!

Antes de aconchegar-me a este catre tão vazio,

Debulhei cada centímetro dessa vida ortodoxa,

Debochei do nada, do tudo, comi dessa paçoca

Para engordar a verve que sutura o calor do frio!

Lágrimas hipócritas e gélidas derramadas em mim

São parafernálias que homenageiam um triste fim

Ainda tão precoce e bastante inundado de sonhos...

Tarde demais! O viço das bactérias me consome

Os últimos resquícios do ente que foi um homem

Malogrado pelo transporte dum arrebol tristonho!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 19/11/2018
Código do texto: T6506773
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