Sombras Uivantes
Transpassada pelas sombras
Que me acolhem no auge de
Minha triste alegria, me sinto
Embrulhada pelo frio abraço,
Doce afago, como boneca
Jogada ao cálido relento
Dos uivos que me enlevam
A cada morta lágrima que
Insisto em não derramar.
Sinto, a cada sussurro soluçado,
Na alma, nos recantos mais
Negros de minha luz, os uivos
Dessas sombras, silentes gritos,
Que me contam segredos outrora
Esquecidos a recorrer a meu
Infértil ventre a me fazer
Rugir a alegria das dores de
Meus nascimentos imemoriais,
Atemporais presentes de meu ser
A me juntar às almas que, comigo,
Revelam aos uivos todos os
Futuros já passados em que
Sempre nasceremos em silêncio.