O festim das sombras
A cada dia que passa,
A cada momento suspirado,
Sinto se elevar em meu ser,
Como a morta cria que de
Meu ventre, seco e pulsante, nasce,
Todo o gélido ardor desse festim
Que me embala sombriamente
A alcançar cada recanto de mim,
Clamando pelo instante em que
Renascerei a cada derradeiro
Suspiro meu a celebrar toda
Memória caída do infértil
Campo de minhas lembranças.
Em cada arranjo de meus suspiros,
Criado nas angélicas notas dessa
Sinfonia macabra de meu nascimento,
Recebida sou pelas sombras iluminadas
Que, nas trevas, me clamam assim
Que, com suave respirar, os convoco
A comigo celebrar esse belo festim
Que marca mais um bater de minhas
Asas renascidos a florir mais uma
Sombria etapa de angelical existência.