Corpo inanimado

Como te sentas dura e impassível morte nos assentos

Antes reservados à criaturas vivas; como te tornas

Totalmente dura e inquebrantável diante da cadeira

Quase velha e pequena... Tua ausência de hálito,

Tua ausência de cores rosáceas é um clamor

De susto e terrível medo a todos que te observam.

O frio que emana de tua aura, o sangue inconstante,

Parado e totalmente inerte move apenas a antiga vida

Que antes existia... A face pálida, alquebrada não

Revela nenhuma emoção daquele antes emotivo

Garoto que vivia no mundo repleto de expressões.

Agora sentado nesta cadeira apenas o vazio

Da indesejada das gentes move-se sorrateiramente,

O corpo ainda intacto, mas como um boneco

Cujos movimentos são frios e rígidos é o que

Todo homem vê diante de si em espetáculo

Mórbido, diante de tal visão apenas aqueles

Cuja fibra do coração carregam o indômito

Desejo de ainda ver aquele triste garoto.

Na cadeira fixada ao chão, o pobre corpo

É um espetáculo de ignominiosa vista.

Tu te sentas morte neste mundo repleto

De vida a gracejar em seu humor negro,

À mostrar a cada humano que tu também

Tens ação neste mundo que tece para ti

Histórias tolas e fantásticas, mas que nunca deixará

De temer teu espectro frio e sempre insidioso.

Martin Schongauer
Enviado por Martin Schongauer em 31/08/2018
Reeditado em 31/08/2018
Código do texto: T6435128
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