Corpo inanimado
Como te sentas dura e impassível morte nos assentos
Antes reservados à criaturas vivas; como te tornas
Totalmente dura e inquebrantável diante da cadeira
Quase velha e pequena... Tua ausência de hálito,
Tua ausência de cores rosáceas é um clamor
De susto e terrível medo a todos que te observam.
O frio que emana de tua aura, o sangue inconstante,
Parado e totalmente inerte move apenas a antiga vida
Que antes existia... A face pálida, alquebrada não
Revela nenhuma emoção daquele antes emotivo
Garoto que vivia no mundo repleto de expressões.
Agora sentado nesta cadeira apenas o vazio
Da indesejada das gentes move-se sorrateiramente,
O corpo ainda intacto, mas como um boneco
Cujos movimentos são frios e rígidos é o que
Todo homem vê diante de si em espetáculo
Mórbido, diante de tal visão apenas aqueles
Cuja fibra do coração carregam o indômito
Desejo de ainda ver aquele triste garoto.
Na cadeira fixada ao chão, o pobre corpo
É um espetáculo de ignominiosa vista.
Tu te sentas morte neste mundo repleto
De vida a gracejar em seu humor negro,
À mostrar a cada humano que tu também
Tens ação neste mundo que tece para ti
Histórias tolas e fantásticas, mas que nunca deixará
De temer teu espectro frio e sempre insidioso.