DESERTOS QUENTES
Vultos me seguem pela noite escura
Eu procuro por migalhas de felicidade
Mas tudo se perde dentro do vazio
Eu sou o que ninguém espera
Não sou nada de claro e certo
Não estou perto de nada nesse mundo
Meus amores são garotas empalidecidas
Pelos horrores das ruas virulentas
E pelas lanças com ilusões pontiagudas
Diante dos meus olhos tudo se desmancha
Teus longos prédios balançam para cair
Em cada apartamento o sono ilude
Não me procure nos bares superlotados
Eu não me mergulho nas bebidas de outdoor
Prefiro o fel produzido na periferia da boca
O sono não me encontra para ninar minha carne
Caio dentro do redemoinho soprado pela burguesia
Mas eu saio pela tangente como um rato
Então sobrevivo fora dessa gaiola apertada
Em desertos quentes com areia nos olhos
Mas vejo perfeitamente minhas miragens