CEMITÉRIO DOS ANJOS.

A dor está no ar

E a noite está densa

O céu está chorando

Lagrimas tão pesadas

Que parecem espancar

As almas de todos que estavam presentes

Naquela ocasião.

A cena era a seguinte:

Meu bisavô

Estava no quintal da grande casa colonial

Violando o solo com uma velha pá enferrujada

Havia um grande saco preto ao seu lado

A sua filha estava gritando e chorando muito

A minha bisavó estava fazendo

Oque qualquer mulher daquela época civilizada

Faria,escondendo seus desejos,emoções e opiniões

Por meio de um grande e doentio

Falso moralismo.

Pela ignorância de um povo

Fundamentado na religiosidade e nas trevas dos pensamentos disfuncionais

Duas crianças que tiveram o azar de não ter um pai

Estavam voltando prematuramente para o pó da terra

Aos olhos dos meus bisavós isto era uma ação de Deus,uma purificação

Mas nas sombras daquela noite todos

Sabiam que não era Deus,que havia matado aquelas duas crianças

Mas sim o fanatismo e a falta de amor do meu bisavô

Era as mãos deles que estavam sujas de sangue e não as mãos de Deus

Eu creio que aquele ato praticado

Naquela fria noite, não agradou os olhos de Deus

Pelo contrário

Fez o coração de Deus chorar.

Meu bisavô havia enterrado

Aquelas duas crianças, aqueles dois anjinhos

No fundo do quintal

Elas foram enterradas no fundo de um quintal imundo

Elas foram enterradas como um maldito cachorro de rua

Foram enterradas no cemitério dos anjos

Onde nem uma lagrima será derramada

Elas foram enterradas no cemitério dos anjos

Onde estão enterrados

Todos aqueles que não são dignos de serem lembrados

como eu, AZEVEDO.

Luan Ribeiro
Enviado por Luan Ribeiro em 29/05/2018
Código do texto: T6349872
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