CEMITÉRIO DOS ANJOS.
A dor está no ar
E a noite está densa
O céu está chorando
Lagrimas tão pesadas
Que parecem espancar
As almas de todos que estavam presentes
Naquela ocasião.
A cena era a seguinte:
Meu bisavô
Estava no quintal da grande casa colonial
Violando o solo com uma velha pá enferrujada
Havia um grande saco preto ao seu lado
A sua filha estava gritando e chorando muito
A minha bisavó estava fazendo
Oque qualquer mulher daquela época civilizada
Faria,escondendo seus desejos,emoções e opiniões
Por meio de um grande e doentio
Falso moralismo.
Pela ignorância de um povo
Fundamentado na religiosidade e nas trevas dos pensamentos disfuncionais
Duas crianças que tiveram o azar de não ter um pai
Estavam voltando prematuramente para o pó da terra
Aos olhos dos meus bisavós isto era uma ação de Deus,uma purificação
Mas nas sombras daquela noite todos
Sabiam que não era Deus,que havia matado aquelas duas crianças
Mas sim o fanatismo e a falta de amor do meu bisavô
Era as mãos deles que estavam sujas de sangue e não as mãos de Deus
Eu creio que aquele ato praticado
Naquela fria noite, não agradou os olhos de Deus
Pelo contrário
Fez o coração de Deus chorar.
Meu bisavô havia enterrado
Aquelas duas crianças, aqueles dois anjinhos
No fundo do quintal
Elas foram enterradas no fundo de um quintal imundo
Elas foram enterradas como um maldito cachorro de rua
Foram enterradas no cemitério dos anjos
Onde nem uma lagrima será derramada
Elas foram enterradas no cemitério dos anjos
Onde estão enterrados
Todos aqueles que não são dignos de serem lembrados
como eu, AZEVEDO.