Carta de Renúncia
Hoje renuncio à posse de meu coração
Esse músculo gosmento escarlate de nada me serve mais
Nunca serviu
Se sente apertado dentro de mim
Sufocado pelos meus ossos, pelo meu corpo
Se sente destruído pelos golpes desferidos nele.
Hoje renuncio aos primeiros socorros
Me desfaço das agulhas e ataduras
Os ossos quebrados, continuarão tortos
Os cortes abertos, continuarão sangrando
De nada me servem curas temporárias
Venenos homeopáticos.
Hoje renuncio à vida
Esse ato inconsequente que nos é imposto
Meus pulmões não exigem mais oxigênio
Minhas pernas não clamam pelo movimento
No meu cérebro há apenas escuridão
Ao meu redor, apenas breu.