Na primeira refeição do dia

De café, servia-me

Com pensar da enxaqueca dissipar

E aos primeiros goles

Meu imaginar há de trabalhar

Levando-me a loucura de interpretar morte no esfumaçear

O reflexo que se dava no fundo escuro da caneca

Teleportou-me à sete palmos do futuro

E tão ausente senti-me

Que minh'alma teria perdido seu valor

E um looping de inexistência tomou-me o interior

Preenchendo meu viver de fungos e ferrugem

Tirando-me o direito de liberdade

De poder enxergar qualquer grão positivo que pudesse germinar

E resultasse em um sentimento de ressuscitar-me

Ao último gole do café

Absorta sobre o comum final de todos

Me pus a refletir

Sem compreender o porquê

Nos tornamos, antes do prazo, mortos uns com os outros.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 23/04/2018
Reeditado em 06/05/2018
Código do texto: T6317297
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