Definho, Srta....
Se intrigada eu te faço por sombrio enunciado
ou tresloucado eu te soo, como soa o que apregoo,
ultrajante como seja, devo-te uma explicação
Escusa-me, senhorita, pois me arde o coração
Ensejava que tua ida fosse nula, mas em vão
Já me perco em devaneios; devo ainda a explicação
Dá-me porém graça última, lê com toda a dileção:...
— Ultrajante como seja... —
Saibas tu que minha peleja
Está longe de acabada,
E minh'alma quebrantada
Não aguenta mais meu fado.
Saibas tu que fui roubado
Estou letárgico, cansado
E, de prospecto malfadado,
Hei o brio d'um proscrito.
Saibas tu que hei perdido
E, de humor esmorecido,
Corro atrás de meu jazigo
Onde 'inda há algo d'esp'rança.
Não espero mais bonança
Choro como uma criança,
Que persegue e não alcança
Seus desejos momentâneos
Lembro-me ainda doutros anos
— D'ouro anos, greco-romanos!...
De quando ainda os acompanho
— Láureos, belos, magnânimos!...
Teus tenros, grandes olhos castanhos!
Ora, eu hei, entre memórias
Encontrado pelo que exclame
E, com meu brado pusilânime,
Digo que viva tuas histórias
Pois sou senão um moribundo.
E já me toma o sono profundo,
Mas tu não és senão a glória
Recém-partiste, ruma à vitória!
Guarda-me, porém, na memória
Lembra de mim, por ti torci
Assim escrevo e desfaleço.
Suspiro um pouco e me entorpeço.
Por te querer o brio, faleço!
Que me agasalhe o frio! Padeço...
Suspiro... ofego... eu feneci!