Definho, Srta....

Se intrigada eu te faço por sombrio enunciado

ou tresloucado eu te soo, como soa o que apregoo,

ultrajante como seja, devo-te uma explicação

Escusa-me, senhorita, pois me arde o coração

Ensejava que tua ida fosse nula, mas em vão

Já me perco em devaneios; devo ainda a explicação

Dá-me porém graça última, lê com toda a dileção:...

— Ultrajante como seja... —

Saibas tu que minha peleja

Está longe de acabada,

E minh'alma quebrantada

Não aguenta mais meu fado.

Saibas tu que fui roubado

Estou letárgico, cansado

E, de prospecto malfadado,

Hei o brio d'um proscrito.

Saibas tu que hei perdido

E, de humor esmorecido,

Corro atrás de meu jazigo

Onde 'inda há algo d'esp'rança.

Não espero mais bonança

Choro como uma criança,

Que persegue e não alcança

Seus desejos momentâneos

Lembro-me ainda doutros anos

— D'ouro anos, greco-romanos!...

De quando ainda os acompanho

— Láureos, belos, magnânimos!...

Teus tenros, grandes olhos castanhos!

Ora, eu hei, entre memórias

Encontrado pelo que exclame

E, com meu brado pusilânime,

Digo que viva tuas histórias

Pois sou senão um moribundo.

E já me toma o sono profundo,

Mas tu não és senão a glória

Recém-partiste, ruma à vitória!

Guarda-me, porém, na memória

Lembra de mim, por ti torci

 

Assim escrevo e desfaleço.

Suspiro um pouco e me entorpeço.

Por te querer o brio, faleço!

Que me agasalhe o frio! Padeço...

Suspiro... ofego... eu feneci!

Fenrisúlfr
Enviado por Fenrisúlfr em 16/02/2018
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T6255750
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.