Sagrada Sombra
Doce como uma frígida canção
Sinto cair sobre meus ombros
Todo o cálido prazer dessa dor
A escorrer, frágil a me fazer
Cair em minha própria redenção
Pela outrora maldição a que me
Prendia orgulhoso nessa bela
Sombra sagrada que me abraçava
Como meu cadáver no descanso
Do ventre da mãe natureza.
Adormecido sob a sagrada sombra
Do amor a me acolher nesses
Gloriosos tempos de lágrimas,
Me deixo seguir nas pálidas e
Fantasmagóricas águas que correm
Céleres rumo ao momento em que
Meu despertar me permitiria
Amar de novo em meio a essa
Angélica escuridão que me rodeia
Com seus etéreos braços fortes
Como a me embalar, seco fruto,
Natimorta cria a viver a eternidade
A amar e amar para sempre.