A FLOR BRANCA E O COVEIRO
Sua beleza cadavérica
Era apreciada
Enquanto ela desfilava entre os túmulos
Pálida
Carregando sobre si
Um vestido cor de carmim
E uma rosa branca
Manchada de sangue
Que esvaia de sua mão
Enquanto a segurava
Gemidos e sussurros
Outrora desconhecidos
Eram ouvidos
Em coro
Agora
Mortos-vivos
Formosos por fora
Podres por dentro
Mortos à muito tempo
Revelam-se sem demora
Enquanto esperam um pouco de vida
Da garota pálida
Com sua flor pura
Tão rara a beleza
Difícil tarefa
Proteger
A bela flor
Que carregava em dor
Entre túmulos
A sofrer
A procura de um vivo
Que trouxesse abrigo
E esquentasse o seu ser
Intensa caminhada
Até que encontra
O coveiro
Que sobre os mortos
Tinha poder
E através do amor
Presenteia-o com sua flor
E encontra o prazer