Havia chuva nos olhos dela
Noite que descia vestindo escuridão; pousou no chão e
deixou ombros pendentes para o nascente.
Na manhã viria o sol trazendo novo dia.
Mas havia chuva nos olhos dela...
O que fazer de flores, senão sentir perfumes?
Jardim de saudade eleva-se em brumas.
Parques fechados, guardando gritos de crianças que brincaram.
Solidão retoca a maquiagem na lágrima que desce.
A ferrugem corrói o homem máquina por dentro.
A mulher se veste de nudez e uma rosa vermelha apenas.
A vida corre nas avenidas vazias;
O sangue trafega frio nas veias,
o luar tenta ver por brechas de nuvens.
Quanta vastidão no peito das pessoas!
E quanto se sabe que nunca se preencherá de amor!
São medidas extraordinárias, todas as aspirações de bem.
Mas são tão ordinárias que o egoísmo é que convém.