A TUA VOZ
 




Aquela voz, que gritava em meus ouvidos,
Chacoalhando as minhas estruturas,
Despedaçando as vidraças da loucura,
De repente, já não é – silenciou.


Notei que foi ficando cada vez menor,
Mais baixa, insegura, mais dentro da caixa,
Sob a tampa fechada do não existir
Sempre menos audível, até que secou.


Ah, voz, que imagina que algum mal me fez,
Gritaste tanto, que a tua garganta arrebentou,
Ao invés dos meus tímpanos, que são fortes!


-Secou o teu veneno, a tua estricnina...
Agora, jazes muda, nalgum canto ou esquina,
E nem a mendigar a tua voz se ergue!


Morreste no silêncio por eu não te ouvir,
Perdeste teus sentidos, pois não  senti,
No vácuo do vazio que é a tua sorte.

 


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 07/11/2017
Reeditado em 07/11/2017
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