Homem, monstro, coberto, escuro
Maria, o Mago e a Poesia
Elischa Dewes


 
Desde quando o dia raia
Tem vida calma, Maria.
Passeio a beira da praia
Em cada final de dia.
 
Com o mar molhando a saia
Praia deserta, vazia,
Na areia, mar é cambraia
Mas não nesse fim de dia...
 
Mas não nesse fim de dia.
 
A tarde torna-se fria
Ou algo sinistro ensaia
Uma estranha calmaria
Muda o ar, a cor desmaia                                                                                                                
Supreendida, balbucia
Ao ver num canto da praia
Um vulto que escrevia:
“Maia, maia, maia, maia...
 
E entrega um livro a Maria.
 
“É de sua autoria!
A vida é ilusão, é maia...
Vá!  crie mais poesia!
Vá!  por favor, não me traia”
 
O horizonte escurecia.
Morcegos por entre a faia.
Diz Maria:  Bruxaria?!
Aperta o livro e desmaia.
 
Elischa Dewes
21 de Outubro 2017 RS