Veludo Negro

Um veludo se despedaça em minha frente,

Este leva embora as trevas da noite por traz de uma velha cortina,

Veludo negro insulta a tristeza sem feridas de uma brisa amarga!

Este veludo que aos poucos se rasga...

Sim, este desejo de vê-lo rasgar-se cresce,

Pois ele leva tudo o que já foi... Ele traz a nova cor.

A cor dos céus da primavera, a cor que já não estava aqui.

Por dentro daquela sala onde se rasga estes olhos veem...

Veem os fios rasgados, os pedaços caírem!

Oh, brisa da manhã, leve estes retalhos espatifados.

Brisa leve e sucinta... Guia fora estes retalhos irônicos.

Este negro não mais aqui pertence, este que já foi veludo.

Agora é apenas trapo. Um trapo maltrapilho e desfigurado.

Este que já foi um dia um belo retrato, este que um dia usufruiu um belo papel.

Um papel o qual mostrava distintas noites em figuras. Tais figuras...

Tais figuras já guardadas em um velho baú de veludo igualmente negro!

Tal baú já perdido em dias passados! Baús e veludos...

Porém este distinto veludo ainda se rasga na frente de tais olhos!

Tais olhos usufruem deste teatral drama a qual se seguiu por anos...

E agora, desfeito está. A peça chegou ao seu fim e o teatro está vazio.

Júlia Trevas
Enviado por Júlia Trevas em 13/09/2017
Código do texto: T6113065
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.