A VIDA DE UMA RUA

E o vento frio batia em meu rosto

Trazendo consigo a solidão

Derramada sobre o pó da amargura tristeza

De ser uma pessoa de desgostos

Dominada pela preguiça e mansidão

A rua deserta tomada pelo silêncio,

E pela escuridão

Só era iluminada pelos letreiros

De bares e motéis

Frequentados por prostitutas e suas luxúrias,

homens de má fé, vagabundos, drogados...

Não me cabia estar ali

Em meio aquela imundície

De lixo por toda parte,

Sujeira e bueiros com seu odor

Não existia nenhuma dama

Nem ao menos uma flor

As casas desbotadas

Portas sujas

E mal cuidadas

Certamente de pessoas amarguradas

Pois afinal viver "naquilo"

Não era uma opção

Sim um castigo

Ou uma maldição

O único som que existia,

Naquela noite,

Era de gritos não tão frustrantes

Maliciosos...

Melhor estava o silêncio de antes...

Havia um ponto de ônibus,

Duas colunas sustentavam um suposto teto

As quais eram sujas de perversidade

E recobertas de extrema maldade...

Desenhos estupidamente imaturos

Feitos por seres impuros.

Era precário, assim como toda a rua

Como todo o bairro...

Como tudo nessa vida

Que nada mais é que uma gota de sangue escorrida...

Que ainda tende a escorrer

Até não haver mais parede,

Efeito chamado "falecer".