APRENDIZ DE FEITICEIRA
Doce veneno de cobra
Corre célere pelas veias
Da bela menina feia
Que cheira qual malva-rosa.
Tatoos, caveiras, serpentes
Tão bondosa, tão perigosa,
Fragilidade enganosa
Bem armada até os dentes,
Beija os lábios elapídeos,
Unhas rasgando aos pedaços
Pescoço, pernas e braços
No altar do sacrifício.
Com dó e sem piedade
Aprisiona os pirilampos
Vagueia livre pelos campos,
Maldita na mais tenra idade.
Sina de engolir sapos,
Filha da Bruxa Verbena!
Anjo da gota serena!
Criada a levar sopapos.
Trancada no poço de dia,
À noite soltando morcegos,
Olhos amarelos, sem medo,
Daquilo que tudo arrepia…
O amor não faz sentido,
Acontece na mais plena dor,
Acorrentado ao terror
Do amor que jaz perdido...