APRENDIZ DE FEITICEIRA

Doce veneno de cobra

Corre célere pelas veias

Da bela menina feia

Que cheira qual malva-rosa.

Tatoos, caveiras, serpentes

Tão bondosa, tão perigosa,

Fragilidade enganosa

Bem armada até os dentes,

Beija os lábios elapídeos,

Unhas rasgando aos pedaços

Pescoço, pernas e braços

No altar do sacrifício.

Com dó e sem piedade

Aprisiona os pirilampos

Vagueia livre pelos campos,

Maldita na mais tenra idade.

Sina de engolir sapos,

Filha da Bruxa Verbena!

Anjo da gota serena!

Criada a levar sopapos.

Trancada no poço de dia,

À noite soltando morcegos,

Olhos amarelos, sem medo,

Daquilo que tudo arrepia…

O amor não faz sentido,

Acontece na mais plena dor,

Acorrentado ao terror

Do amor que jaz perdido...

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 24/01/2017
Código do texto: T5891097
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