Flores mórbidas de uma poesia sobre morte

De passos em passos.

A paz entra por meu peito descarnado

A dor é aliviada

Com a calma da geada

O cheiro das rosas me entorpece

A coloração avermelhada me hipnotiza

Repousadas, com carinho

Sob esculturas negras angelicais

E de moribundos enfermos carnais

Fotografias e datas marcadas

Da luz nascente à escuridão decadente

Vejo sonhos encerrados

Momentos perdidos

E espíritos descansados.

Nas lápides, as lágrimas secaram.

As memórias, por mais que cravadas no mármore

Esquecidas, pelos que um dia, a cultivaram.

"E até que a morte os separe"

O equívoco mais comum

As almas dos velhos amados

Dançam pelos campos floridos

De mãos dadas, rindo dos que estão vivos.

O amor é o início, o amor é o fim.

Querida, não tema, te beijarei mesmo após todos os possíveis óbitos.

Pegarei na tua mão e fugiremos para sempre de nossos corpos

Nossas almas dançaram pelo cemitério

Celebrando a nova liberdade, a nova vida.

Afastada da monotonia, livre do tédio

Todas as flores, todas as rosas,

Serão suas.

Eu as apanharei com doçura

Às dúzias.

O homem desanimado me chama.

Eu fecho meu caderno.

Diz que está fechando o cemitério.

Dói, mais uma vez, ter de dar tchau ao meu pequeno império.

A noite, se entardecera demais.

Logo agora, para acabar com minha paz.

Pois então, deixo aqui minha poesia.

Onde meu velho corpo jaz.

Abstract Androgynous
Enviado por Abstract Androgynous em 18/12/2016
Código do texto: T5857119
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