Exorcismo amoroso
Falamos imenso entre nós
Mas pouco dizemos um ao outro,
Talvez seja da nossa voz
A ecoar no ouvido doutro.
Conheces bem os meus fantasmas
E os assombros que me agoniam.
Eu não sei porque te espasmas
Com as tristezas que nos guiam:
Aceita a maldita realidade
E abraça a dura agonia
De que a pura maldade
É o nosso prato do dia.
Guio até Lisboa:
Deslumbro-me na rua Augusta,
A vista é tão boa
Que a realidade até me assusta
Porque na paisagem que miro
Marchas tu lentamente
Ao compasso do meu suspiro
No passo de toda a gente.
E quando chegas a mim
É minha alma que pasma
Ao ver que junto a ti
Não existe qualquer fantasma
E quando me cumprimentas
Desaparecem os meus assombros
Caminhamos então lado a lado:
Encostados pelo os ombros.