ALMA NOTURNA
Vagueio no meio da noite
Sozinha procurando açoites
Que me faz ferir, iludir-me à salvação
Busco dores que saciam-me a lição
Minha maldade comigo praticada
Não oculto dela a verdade
Sou alma que vagueia desnorteada
Sou aquela que um dia você destratou
Sou hoje o que me restou dessa falta de amor
Sou noite sem fim, sou grito sem voz
Sou fogo que queima e não apaga na alma
Sou a cruz e a espada que corta e machuca-me
Em desespero, desventuras silentes que nutro
Mormente a cada lembrança tua e minha
Me faz retornar ao começo e fim de tudo entre nós
O martírio incessante do ciclo das horas infinitas
Agonizantemente, sofro, peno, choro, e retomo
Ao ponto febril de minha insana consciência
Andarilha num mundo infeliz e estranho
Desconhecido para muitos que vivem na terra
Aqui é o fim de um mundo e o começo do inferno
Aqui sofro, agonizo entre os ponteiros certeiros
No padecer ao reprisar remoendo as cenas de outrora...
Sou alma noturna que vagueia procurando a aurora
Claridade para meus dias de escuridão
Sou só mais uma alma entre tantas que aqui
Certo dia aportou...
(Simone Medeiros)
30/08/2015