Cinzas da culpa

Eu te eliminei de dentro de mim

Te afundei no terrível esquecimento

Movido pela cólera, desamparei seu corpo sem vida.

Ainda posso ouvir seu clamor

Ainda sinto seu sangue

Escorrer em minhas mãos

E seu último suspiro de vida

Ecoa em minha mente

Me perdoe

O remorso me apunhala

Mais forte do que eu te apunhalei

Eu voltei para chorar em seu corpo pálido

Desprovido de vida

EU JURO QUE VOLTEI!

Todavia, ele já virara cinzas

Logo, levadas pela brisa

Como viverei?

Se teu sangue, que me esquentava nunca mais terei?

Como amarei?

Se teu coração, que me completava,

Arranquei?

Eu comi um pouco de tuas cinzas

Antes do vento as levarem

Senti o seco e azedo gosto da culpa

Eu arquitetei um túmulo para ti

Dentro do meu coração apodrecido

Mas seu interior está vazio

Pois a terra não preenche nada

AGORA NEM SEU CORPO EU POSSUO

Eis que chega minha hora

De derramar meu sangue

Dar meu último suspiro de vida

E cair com meu fútil corpo falecido

Diante de tua lápide

Agora vou de encontro à tua alma

No... a-além.

Abstract Androgynous
Enviado por Abstract Androgynous em 20/11/2016
Código do texto: T5829694
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