Cinzas da culpa
Eu te eliminei de dentro de mim
Te afundei no terrível esquecimento
Movido pela cólera, desamparei seu corpo sem vida.
Ainda posso ouvir seu clamor
Ainda sinto seu sangue
Escorrer em minhas mãos
E seu último suspiro de vida
Ecoa em minha mente
Me perdoe
O remorso me apunhala
Mais forte do que eu te apunhalei
Eu voltei para chorar em seu corpo pálido
Desprovido de vida
EU JURO QUE VOLTEI!
Todavia, ele já virara cinzas
Logo, levadas pela brisa
Como viverei?
Se teu sangue, que me esquentava nunca mais terei?
Como amarei?
Se teu coração, que me completava,
Arranquei?
Eu comi um pouco de tuas cinzas
Antes do vento as levarem
Senti o seco e azedo gosto da culpa
Eu arquitetei um túmulo para ti
Dentro do meu coração apodrecido
Mas seu interior está vazio
Pois a terra não preenche nada
AGORA NEM SEU CORPO EU POSSUO
Eis que chega minha hora
De derramar meu sangue
Dar meu último suspiro de vida
E cair com meu fútil corpo falecido
Diante de tua lápide
Agora vou de encontro à tua alma
No... a-além.