Luar triste
Ó luar quedo da tristeza,
Busca a tua melancolia,
Hoje perdes a alegria
Que é uma morte à natureza.
Foste embora sem viver...
Quer no nojo ou no terror,
Eu desejo o desamor
Que inda sempre irei morrer.
Bebo o sangue mais malsão,
Ó mea mortis do desejo
À mortalha vil sem pejo!
Sou um poeta triste e vão...
Sente o frêmito lunar
Co'os insetos cruéis da cova,
O caixão é como a alcova
No meu mal vermicular.
Noute, angústia, pranto e fel,
O homem prisco que pranteia
À alma roída e à enorme veia
Com hemorragia ao léu...
Co'o meu ar maldito ao choro,
Mortalmente, no alto pranto
Dos enjoos vis sem manto,
Que eu os cevo e até adoro.
És a doce lua da ânsia
Que me esperas co'um abraço...
És meu luar e não desfaço,
Dá-me o horror da rutilância.
Canto-te, és um luar maldoso...
Demo, fúria, siso e umbral,
São um Orco do ígneo mal
Quando amares, sê mavioso.
Lucas Munhoz - 21/10/2016