A fera

As folhas caem da árvore,

Até vossos caminhos ao chão.

Ressecadas e sem vida se encontram.

O lobo em meu coração passa fome.

Teus uivos ecoam por toda a minha alma,

Suplicando a todo custo,

Algo que cesse tua inópia

Tua lazeira não pode ser saciada,

Com o que antes a cessava.

A fera não clama mais por amor.

Tentei alimenta-la com o ódio

Porém, só a enfureci mais.

Ó, lobo faminto.

Imploro-te, pare com teu grunhidos de agonia.

Tua lamentação nutre minha dor.

Aquilo que tu anseia não volta mais para nós.

Então, querido animal,

Escrevo-te este poema

Para que tu se lembre o quão bom foi lutar por aquele amor.

E, que talvez assim sua carência seja enfraquecida.

É como mil e uma aguilhoadas em meu peito.

Todavia, amável canino,

Preciso lhe dizer,

Não podíamos sustentar algo tão supérfluo.

DEMONSTRE! Tudo o que sente agora.

ESQUEÇA! Os bons momentos ilusórios.

Já passara e nunca mais voltará.

Estamos juntos, companheiro.

Caminhando por essa floresta tomada pela caligem.

Sentindo o orvalho na pele.

Não morreremos hoje.

Pois amanhã teremos pelo o que lutar.

Não sucumbiremos à perdição de tua avidez.

Pois amanhã teremos pelo o que amar,

Em meio à uma sinfonia melancólica.

Abstract Androgynous
Enviado por Abstract Androgynous em 20/10/2016
Reeditado em 20/10/2016
Código do texto: T5797147
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