As flores não mentem
Em minha curta existência
Rogo paciência
Acho tudo sem graça,
O que leio não me agrada
Consolo-me ao lembrar
Que sou igual aos outros,
Que morreremos todos
E que enquanto vivos
Desfrutamos da mesma
Sorte e azar
Não sou ninguém para julgar,
Mas não escapo disso
Minha vida está condenada
A cair de um precipício
Ao redor só vejo carnificina
Tudo terminou
Ou está no meio
Ou não pode voltar
Ninguém viu,
Nem ouviu
E eu esqueci de perguntar
As coisas apodrecem,
Flores morrem por não mentir
O que é bonito murcha,
O que é divino queima
Na terra dos condenados,
Que cansados,
Tentam desse ciclo fugir.
Uma borracha apaga
O que um lápis escreve
O fogo queima tudo
Aquilo que toca
Para se comer é necessária uma troca
Viajei escrevendo o que senti,
O que minha vida toda ouvi
Nenhuma palavra cumprida,
Nenhuma promessa desfeita
Nunca chego a um paraíso,
Nunca saio do limite.