A LEVIANA DE SÁCIAS - O OBSCURO
A LEVIANA DE SÁCIAS - O OBSCURO
Vivendo entre as grades do cemitério
vagava somente no dia terminado
de cada oratória fria e maldita
querem esquecer quem enterram
pondo flores sob todo passado
voando como corvos
estamos buscando todos depois
p'ra grande ceia dos mortos
não abusem da sorte de agora
o vento sopra meu cadáver escrevendo
nos seus sonhos nascendo
nos seus pesadelos como mágoa
como ágora discutindo entre parentes
o que não era público
e saiu correndo perdendo as fontes
deixando crescer o dúbio terreno
onde somos iguais porém
não nos conhecemos
abreviando o que mais tarde
vai chegar mordendo suas pernas
tolerando teu coração batendo
de medo do imprevisto
que foi visto descendo no ataúde
aquele dia tão fascinante
quando temos que entregar nossa
alma aos que memória apenas temos
não duvide que a morte não vive
dentro esperando alguém entender
que ela quer sair pra trazer
o que triste também existe
por liberdade do mistério
o que no cemitério foi plantado
não nasce nem desaparece tão cedo
brota querendo os insetos superiores
"não quer amar os vermes
eles não cansam de comer meus ossos"!
MÚSICA DE LEITURA: LAUTMUSIK - Three imaginary