Finjo a vida em mim
Nasce inconsequentemente pensado
Difuso desejo almejado na carne
Ainda que me sobrem palavras,
Em si presas no beiço
Talvez como arte caia em desprezo
Sangue que me ferve no peito
Que me gelem os membros
Hirtos e concretos erguidos aos céus,
Que caía por terra, que fique preso
Pelos vales escuros e sombrios do desespero
Pelas rosas mortas que espero
Sequem na campa da minha alma,
Que voem aves de agoiro
Que gritem de desespero as folhas
Voando soltas ao vento da madrugada!
Mas de mim, nem em vida,
Nem sobre a morte
Nem uma palavra escrita
Apenas nada!...
Alberto Cuddel®
In: O silêncio que a noite traz - 1