Lorde Drácula

"Imbélice! - de son empire

Si nos efforts te délivraient,

Tes baisers ressuciteraient

Le cadavre de ton vampire!"

Charles Baudelaire

Tu, que em caninos felinos

Mordes o doce pescoço,

Ai dos sabores mui finos!

- O sangue, a carne, o ardor e o osso.

Beijaste a nuca do humano

D´alma monstruosa e perversa,

Como o demônio que é ufano,

Cadáver da ânsia dispersa.

Amas o gole em que é ardente

Ao teu sentir violentíssimo

P´ra degustar loucamente,

Quanto veneno intensíssimo!

Tua demasia ao sangue asco

É o copo vil que tu vives,

Vermicular, que é o carrasco

D´um gosto sujo que prives.

Faze-me ouvir a voz alta

Que lhe desejas no ardil,

Sabor doentio inda salta

Que mordes tanto... és tão vil!

Como à carniça das asas,

Podre, não voes na dor

À morte orgânica e às brasas,

Eis um luzir vencedor!

Que a Treva te ame deveras

Com a doçura essencial,

As tuas mortalhas já meras...

Gorjeia, és mais imortal.

Qual me darás mais abraço

Quem me emocionas... Não morras!

Bebes?! Os rins são um aço...

Por que tu tens?! Com que corras.

Serás ferido sem sorte,

Com um horror do teu canto

A ansiar a lúgubre morte,

Sinto-te em tímido pranto...

Deves morrer que é uma pena...

Como à ardentia da cloaca,

Dize-a tão pura e serena,

Sangras em vê-la atra e fraca...

Adeus! Adeus! Um vampiro!

Sofro por ti na tua cova,

Eu saio lá quando viro,

Jaze em caixão como a alcova.

Lucas Munhoz - 18/08/2016

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 18/08/2016
Código do texto: T5732767
Classificação de conteúdo: seguro