UM CORVO EM MEU OMBRO

Vejo o negro pássaro na janela

Ouço ele chamando

Ouço ele cantando

Ele me queima com seus olhos de fênix

Disseca meus pecados

Rabisca minha alma.

Hoje esse pássaro falou comigo

Perguntou o que tenho

Perguntou porque estou assim

Disse que nunca o notara

Que nunca me viu prantear

O fiz hoje

Por isso ele está aqui?

O velho pássaro ainda continua

No meu ombro

Na minhas costas

Como uma cruz que carrego

Em cada passo que dou

Pesa, tropeço,

Mas consigo levantar.

Perguntei ao jovem ave

Porque continuava comigo

Disse que eu precisava

Perguntei seu nome

Me negou saber

Insisti em dizer

Raivoso e gritando

Debatendo-se em meu coração

Dissera que vou me arrepender

Não tinha um nome, tinha vários

Um deles, SOLIDÃO!