PELEJA
Há todos os dias uma luta em mim
Travada em desespero por todo eu
Lado um, desejo de bondade sem fim
Parte outra, o mal que também é meu
O último fundo de minha alma visitei
As zonas mais abissais do sentimento
Quando estive em solidão por um momento
Na dor da autodescoberta me encontrei
Desviado de minha paz sob açoites
Como se demônios todos acordassem
E de pesadelos reais me aparecessem
Tentando dos meus dias fazer noites
Devo sempre persistir em vigilância
Ou tanto me acomete e tortura o medo
Não qualquer concreto mas me enveredo
Na mais abstrata névoa da insegurança
Bem como me tomariam sangue lanças
Vida me esvai por ralos de tristeza
Se da depressão não sinto a vileza
Para então a repelir com segurança
E se por breve instante negligenciar
De minhas vísceras vem a hostilidade
A ira vil que me consome e ansiedade
Tornam-me besta enquanto a martirizar
Tambores e trombetas de batalha soam
No campo de minh'alma só há ferocidade
Mortal confronto de demência e sanidade
Fragmentado e meus pedaços agonizam
Sobre o que mais se pode haver nefasto
Ainda que quem o diga seja o mais douto
Não me fale que o inferno são os outros
Para viver o meu, apenas eu me basto