O Teatro Diário

Desista da cena de sacada,

Tentar se jogar não é certeza,

Jogue a verdadeira jogada,

A morte é sutil na aspereza.

Seus passos não são certos,

Cabe a ti saber o momento,

Não se prenda aos desertos,

A tristeza não serve de alento.

Quando quiser assim pular,

Para cada loucura há pena,

Um inferno fiel e particular,

E irão mostrar a mesma cena.

Engatinha-se durante meses,

Cai-se de vez em quando,

Caminha-se durante vezes,

E dorme-se sempre esperando.

O choro precede a sua fala,

O riso precede a gargalhada,

O mal precede a rispidez que cala,

O ódio pauta a última facada.

Encadeia-se durante meses,

Entende-se de vez em quando,

Levanta-se durante vezes,

E espera-se sempre dormitando.

A cada louco no seu pular,

A cada melindre com sua pena,

A cada rito, finito e particular,

A cada deboche para cada cena.

Seus atos não são certos,

E esse não é o momento,

Não se rebente nos desertos,

A dor não serve de alento.

Portanto, espere na sacada,

Imaginar o bem é certeza,

Que essa foi a grande jogada,

Quem joga ignora a aspereza.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 20/06/2016
Código do texto: T5672738
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