A noiva cadáver

Teu véu sombrio do negror à noite,

Em teu corpo imortal que és decomposta

Entre a caveira orgânica do horror,

Teu sangue vil na costa.

Já inda revelas que um caixão é eterno

Por ti, sem se perder o alento a amá-lo,

Flores escuras, morte e até zumbis,

Que esse furor do estalo...

Quanto alvor de uma Treva que tu queres,

A noiva sensualíssima da morte

Que és horrorosamente hedionda assim,

Que uma hediondez conforte.

Foste a beata dos males sem arfar,

Ó grito monstruosíssimo do mal!

Sem olhos que escarrasses numa angústia,

Sem peito passional.

Sabe se é um puro amor para alentar,

Ao casamento dos zumbis singelos

E à decomposição da pura frieza,

Sorrio para vê-los.

Por vós, um beijo mui bestial e oriundo!

Quanta paixão! Quanto carinho, é o amor...

Tais visagens malvadas do eco sujo

Com plaga do terror.

Amas a escuridão e amas a carne,

Fi-los encantadores que mais peitas,

Célebres cérberos do ardor funesto

É a tua fome, aceitas.

Deixas que o tempo seja noturno e amplo

Antes de refulgir macabramente,

As tuas mãos necrófagas que exigem

À demasia ardente.

Dum zumbi amoroso que sempre ama

O outro zumbi, iguais a vós, sem perda...

Noivados funerais se unem à aliança,

Andai em forma lerda.

Tens mais sonhos escuros a dormir,

Ergue-te, em teu caixão do vil negrume

Como um maior fumo do ardil sangrado,

Que ele abra e agora fume!

Lucas Munhoz - (11/06/2016)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 11/06/2016
Reeditado em 11/06/2016
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