O Rito da Mármore Sepulcral

Deleito-me como cadáver entre gárgulas

Entre equinócios e solstícios do futuro

Uma marmórea tumba diante das cápsulas

Aqui jaz o corpo que esvaziou-se impuro.

Não haverá ficha corrida civil ou criminal

Ou a implacável contemplação da injúria

A difamação virá da eloquência verminal

Em mastigar minha carne podre e espúria.

Veja que a vida é controvertida

- a factível realidade imbecil,

agora é pretérita e não divertida,

e, ao menos - o silêncio não será hostil.

Gozarei o real conceito da imortalidade

O fenecer da essencialidade de enxertos

do que é belo, moral ou de prolixidade

sequer haverá pudor por pseudoconsertos.

Por conta desta realidade que não insisto:

- Sem obséquios ou fartos necrológios!

Perda de tempo é como tumor ou cisto:

Ambos matam e não respeitam relógios,

Aos que ficam, vivam vidas cheias,

Estes humanos que fomos, se calam,

Morreram minutos em existências alheias,

E na imortalidade triste agora se debelam.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 02/06/2016
Código do texto: T5654729
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