O Rito da Mármore Sepulcral
Deleito-me como cadáver entre gárgulas
Entre equinócios e solstícios do futuro
Uma marmórea tumba diante das cápsulas
Aqui jaz o corpo que esvaziou-se impuro.
Não haverá ficha corrida civil ou criminal
Ou a implacável contemplação da injúria
A difamação virá da eloquência verminal
Em mastigar minha carne podre e espúria.
Veja que a vida é controvertida
- a factível realidade imbecil,
agora é pretérita e não divertida,
e, ao menos - o silêncio não será hostil.
Gozarei o real conceito da imortalidade
O fenecer da essencialidade de enxertos
do que é belo, moral ou de prolixidade
sequer haverá pudor por pseudoconsertos.
Por conta desta realidade que não insisto:
- Sem obséquios ou fartos necrológios!
Perda de tempo é como tumor ou cisto:
Ambos matam e não respeitam relógios,
Aos que ficam, vivam vidas cheias,
Estes humanos que fomos, se calam,
Morreram minutos em existências alheias,
E na imortalidade triste agora se debelam.