Fabricação da Morte
A imagem se desliga do elo corpóreo
deslindando o impacto sutil e fugaz
abstrai-se o concreto do ar nemóreo
viramos a solda de um plano audaz.
O que era material se desfaz inteiro.
Chovem almas ressuscitando o morto.
A alma crepita diante do seu roteiro
oscilando entre a dúvida e o conforto.
Mas se o espírito vagueia livremente
e vê a matéria incorporar-se ao chão
surge frase que mostrou-se ausente:
A terra devora ossos, órgãos e caixão.
Somos atordoados pela vil incerteza
nunca sabemos o que acontece depois
várias teorias e a impossível certeza.
É esperar morrer e voltar para contar, ora pois!