LÚCIFER

LÚCIFER

As pinturas de sangue escuro

desenhando as loucuras

do antro-vulcânico

pela fumaça de breu cinza

que sobe encobre

o desespero profundo

a caverna engole os “ossos firmes”

encurvado como feto

eu sinto tua vontade de matar

a menina que sonha ver na taverna

ela não fez amor

o sexo foi perverso com

o “animal de plástico”

empunhado de faca perfurou intestinos

querendo ver o que ela sentia

quais eram os retalhos

onde estava tua amargura vestida

porque ela escondia um desejo

nos olhos

e prendia seu corpo sobre a luz

de maquiagens vulgares

a dama das esquinas fumou

tragou teu espírito

te abandonou com o corpo frio

sonolento perdeu caminho

o trafego volumoso tinha tormentas

viciadas altivas subindo

não encontrou ninguém nos andares

de cima

em “punho de masturba” tua música

sofre as dores da viúva

enlouquecida pelo calor presente

a culpa é minha

tenho mais delas junto comigo

qualquer uma delas

sou eu o anfíbio que se enrola

nas tuas pernas sufocando

teus sonhos

tenho teus amigos tramando tua morte

“onde dormiu com as crias

da agonia do vento

que sopram desejos contínuos”

os beneditos do bem-fazer

tem um bafo de brejo terrível

um sorriso sem dentes

respire profundo o ar conhecido

eles estão por perto

Jesus eu louvo teu nome

pelo último grão de vontade

viverei da caridade dos fracos

serei o alimento dos pobres

livre-me do tormento vil maléfico

rogo pelo sangue bebido

entre meus irmãos

pelo pão partido em tua memória...

escória de carne apodrecida

oh cético rebento na imensidão

do caos

eles estão todos esperando

em volta da tua tumba

onde teu nome está escrito

já cantam hinos

soltando pombas e silvos

“encontre outra saída”

MÚSICA DE LEITURA: COPH NIA – All my filth