Ante a Tortura
Dentro do peito sente-se a audição
Da incomoda realidade do momento
Nasce o ser que se remove a emoção
Pois não quer ter mais o sentimento.
É praticar a estranha felicidade infeliz
É ficar ante da chaga na palma da mão
É saber que sua alma fica a um triz
É de conceder a falência do coração.
Na rutilância de cada palavra do verso
Que imagino a quantas anda a loucura
De ver quão meu cérebro está disperso.
Quando se ignora o fastio da ternura
Me pego nas discordâncias no inverso
E me atenho ao que me sobra: a tortura.