Abismo
Na teleológica sabedoria do oculto
Uma força lhe abduz para o escuro
Com a vilíssima imagem do adulto
Me compadeço do lapso mais puro.
Desde as cosmogonias do universo
Faz mister reconhecer seu drama
Aos poetas e suas agonias em verso
A salientar o magnífico panorama.
Posto a maviosidade do espetáculo
Resta a imperiosa força do vernáculo
De dizer que ela é a analogia do cinismo.
Este paleolítico instrumento do pavor
Eternamente malogrado pelo desfavor
a imensidão hiperbólica lê-se abismo.