O Amargor da Vida d'um Espelho
Temperado ou não - É um amante
Diante do frio cáustico da matéria
Devoto. Ser atemporal e necromante
É um pilar de desejo a cada artéria.
Cada ser vivo é servil a sua imagem
Reflete o florescer áureo da retina
Serve para ver o ato de libertinagem
Ou puir conforme o tempo lê a sina.
A cada ruga e a cada singular marca
Um semblante desanimado se forma
Sabemos que o tempo faz a fuzarca
E a dúvida se torna a única norma.
Até que diante do destempero solene
Nós lhe ignoramos permanentemente
Porque ele, mesmo bruto, será perene
Enquanto da casca sou breve residente.