EU, O MONSTRO

"Não brilhava o sol

Neste dia cinzento

Nem mesmo os raios

nesta delação acrescento.

Não digo que era rua

Nem que era um beco

Tinha uma escada

E um mendigo horrendo

De olhar grotesco.

Subindo esgueirava

Continuando entrei

E numa escolta de sombras eu vi

O que daquela feição paralisei.

Parei por calafrios

E por medo enraizei.

Não Estou mais aqui

Acho que meu corpo deixei.

Quando percebi escorria

Em minhas mãos, em meus pés

Apavorado recobrei-me

Com sussurros, talvez.

Assombra-me pensar

Morro em dizer

Não do que eu vi

Mas do acabei de fazer."